Quem Somos

Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba

“Por uma SOROCABA SEM manicômios

Já não é novidade a situação da saúde mental em Sorocaba. O fato da singular (e alarmante) concentração de leitos psiquiátricos de longa permanência na cidade e na região vem chamando constantemente a atenção das “autoridades” no assunto (poder público, gestores e empresários do ramo). Principalmente em função da mobilização  do movimento social da luta antimanicomial, através de um grupo organizado chamado FLAMAS [Fórum da Luta AntiMAnicomial de Sorocaba].

Em parceria com vários contatos e redes articuladas em torna das lutas pelos direitos humanos, inclusive com familiares e portadores de sofrimento psíquico, milita pela bandeira da Luta Antimanicomial, sustentando com cada vez mais força este que foi o lema que nasceu praticamente junto com o movimento em prol da Reforma Psiquiátrica; “Por uma sociedade sem manicômios”. O grupo reúne agentes de diversos segmentos sociais: de estudantes e professores a profissionais da saúde mental e áreas afins, as mais diversas. O resultado vem sendo colhido pouco a pouco. Com o trabalho de ampliação de envolvidos nas discussões vem se produzindo um refinamento do discurso do grupo, suas críticas, propostas e a leitura feita da situação do município e da região. Os avanços são inegáveis. Começaram, há alguns anos, com a ampliação do número de participantes. Hoje, de certa forma, trabalhamos juntos na construção da vinda da subsede do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo para a cidade. As conquistas são significativas. Mostram também àqueles que tendem ainda à personalização do debate e à simplificação de uma questão altamente complexa, que o que se está buscando construir, substituir, transformar e ressignificar, não é mera querela em torno de questões políticas, de status ou qualquer outra coisa que o valha: trata-se aqui de um movimento necessário e urgente na direção da substituição da lógica manicomial que demanda ações em níveis muito além da simples diminuição de leitos.

A Reforma Psiquiátrica, e mais precisamente a Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, esta que nasce como proposta e como diretriz formulada a partir do discurso dos usuários, a partir do seu envolvimento e do seu engajamento na melhoria das condições de tratamento nos serviços de saúde mental substitutivos e na extinção acelerada dos leitos psiquiátricos de longa duração, mostra que não bastam apenas novos (re)arranjos (em muitos casos) do equipamento técnico-científico ou da distribuição organizacional das tarefas institucionais. A Reforma Psiquiátrica Antimanicomial é e  precisa ser, necessariamente “Intersetorial”, envolver outros setores da sociedade. A Reforma Psiquiátrica Antimanicomial requer uma mudança de cultura. Uma mudança política, econômica, cultural, logística e operacional da relação que se mantém hoje com a singularidade idiossincrásica da experiência psicótica, enquanto paradigma mais radical de diferença em relação à busca pela racionalização instrumental utópica do/no ocidente. Nosso compromisso é a luta pela implementação da Reforma na cidade de Sorocaba e na região, tendo como pontos de partida os segmentos dos envolvidos, principalmente do FLAMAS, mas procurando ampliar os desdobramentos necessários para uma mudança cultural, de renovação dos campos de inserção dos usuários e de valorização da dimensão social e pública da existênica humana.

Ao lutarmos aqui pela garantia dos direitos humanos dos portadores de sofrimento psíquico, estamos lutando para garantir que uma das dimensões mais fundamentais para o usufruto inclusive de muitos outros direitos, humanos e constitucionais, precisa de atenção digna, aberta à escuta, ao diálogo com o próprio sujeito, ouvindo a dimensão da singularidade com que ele vivencia sua condição e incluindo-o no processo de construção de seu tratamento. Nossa luta é para que a “terra rasgada” não continue sendo uma simples vala, um buraco no chão onde são “depositados” seres humanos que sofrem. Para além da restrição física dos muros dos hospitais, e química – pesada – da medicalização, nossa luta é contra a lógica manicomial. Esta lógica que não se encontra fechada dentro do hospital. Encontra-se na cabeça das pessoas, silenciando os gritos da diferença e da alteridade, fechando as portas, principalmente, da vontade política para a mudança. Por isso, com Paulo Freire, acreditamos que “para tornar possível amanhã o que é impossível hoje, é preciso fazer o que é possível hoje”. Nós estamos fazendo acontecer.

Por uma sociedade SEM manicômios

e-mail: flamasorocaba@gmail.com

blog: flamasorocaba.wordpress.com

 

8 Respostas

  1. Ola meu nome é Evilasio li a reportagem de voces e vi que tem razao
    e estou consciente de que o estado da saude no Brasil esta de mal a pior
    como voces ficaram sabendo agora eu tiver um irmao deficiente mental
    que estava internado nesse hospital vera cruz de sorocaba e ele morreu
    de infarto aos 41 anos de idade gostaria de aderir a essa causa e pedir ajudar a voces

    meu contatos:

    meu email: evilasiomata@bol.com.br

  2. Segundo reportagem da TVTem, destina-se R$ 36 milhões anuais para as 6 unidades psiquiátricas da Região. Vamos fazer umas contas? Pela média, são R$ 6 milhões anuais para cada ‘hospital’. Ou R$ 500 mil por mês… Peraí !!! R$ 500 mil por mês??? sim, MEIO MILHÃO DE REAIS POR MÊS. Hospital Psiquiátrico é um ótimo negócio! O Secretário de Saúde de Sorocaba tem um…

  3. Muita força nessa luta! Estou cursando o 1º semestre de serviço social, e vejo a importância da família para o desenvolvimento humano. Cada família é responsável por seus membros e o Estado tem que dar condições para a família cuidar dos seus doentes.
    Em todos orgãos públicos deveriam ter um assistente social para intervir e ajudar as famílias, não só nos hospitais mas em delegacias, escolas, postos de saúde, para lutar pelos direitos constituidos e diminuir as desigualdades sociais. Estou nessa luta com vocês.

  4. “Os efeitos colaterais das drogas psiquiátricas causam sintomas iguais aos de doenças mentais graveis, inclusive similares até mesmo a esquizofrenia. Esconde-se que drogas psiquiátricas podem causar doenças psíquicas. Há danos cerebrais. Há destruição da dentição, problemas de obesidade, diabetes, anorexia, debilitação, e outros. Os danos da psiquiatria criminosa são hediondos. A sociedade é manipulada para ver a doença em tratamento através dos males que são causados pelas drogas tarja preta com que a psiquiatria criminosa vende a imagem de doença mental das suas vítimas.

    Esconde-se que efeitos colaterais de drogas psiquiátricas são usados para consumar diagnósticos de doenças mentais e a imagem social estigmatizada das vítimas da psiquiatria criminosa. Prisão química. As drogas psiquiátricas produzem confusão, transtornos e distúrbios mentais, desordens psicomotoras e neurológicas, e surtos psicóticos. Doença mental química. O poder da psiquiatria criminosa é intocável neste país, ninguém age em defesa das vítimas de monstros tão poderosos, e que são acompanhados por vultosos e onipotentes interesses em toda a área de saúde.”

    Li isso em um site e concordo plenamente com esse artigo,eu mesma fui vítima de uma psiquiatra da clínica Saint Roman,aqui do Rio de Janeiro,pois tive uma discussão muito grande com meu marido,fiquei muito exaltada e pela primeira vez na vida fui internada. Essa psiquiatra depois de uma consulta rápida,diagnosticou surto psicótico,me internou rapidamente,me dopou com Zyprexa e em 1 semana eu já não comia mais,não bebia nada,não dormia,não tomava banho,tive SNM e minha vida foi quase destruída.Sai da clínica pois meu plano de saúde deixou de ser aceito.Fui para outra clínica onde diagnosticaram transtorno bipolar,então começaram a me desintoxicar.A síndrome neuroléptica maligna é terrível para o ser humano,eu pesei menos de 40 kilos, não conseguia fazer absolutamente nada sozinha, antes de tomar esse maldito ZYPREXA isso nunca tinha acontecido comigo.Eu não tenho e nunca tive transtorno mental algum.
    A psiquiatria brinca com a vida das pessoas!!!

  5. BOA NOITE FLAMAS, venho atravez deste e-mail, lhe contar um pouco do que acontece dentro do hospital “VERA CRUZ” .
    Começando pela comida, não tem uma qualidade muito boa, muitos ficam sem comida por não conseguirem comer sozinhos, não conseguem usar a colher e acabam ficando mal alimentados, pois tem certos auxiliares que não faz questão nenhuma de ajudar os pacientes mais debilitados.
    Dentro de cada ala, tem varios pacientes com patologia diferentes, mais que acabam tomando os mesmo remedios, as vezes quando chove a agua fica toda suja de barro a assim mesmo tomam pois não tem outra, a agua mineral quem toma são os funcionarios e não os pacientes, nesta época os pacientes ficam a maioria com diarréia pois a agua deve fazer mal, e alem do mais o poço artesiano que fornece agua para o hospital fica do lado de um lago com as fezes que que cheira muito mal quando chove.
    Os copos são de platicos e se passar o dedo dentro deles acaba tirando sujeira da semana passada, o café é agua pura, o toddy é com agua, e a sustagem tb é com agua, e assim que vitamina que tem essa lavagem, na maioria das alas são todos magrinhos e desnutridos.
    Muitos são espancados pelos proprios pacientes mais espertos, alguns se machucam gravemente e ma maioria das vezes a enfermagem esta por dentro mais nega socorro.
    Plantão da noite, são para os funcionarios trabalharem a noite ,mais muitos dormem e não veem nada, passando muitas coisas desapercebidas.
    A limpeza é precaria, só é feita direito quando anunciam que a fiscalização esta vindo, mais a fiscalização nunca desce nas alas só passam pelo S.A.M.E. deixando para traz o mais importante, que sáo onde os pacientes vivem.
    Paciente descalços pelas alas é muito comum andando pelas aguas, só usam chinelos quando vão na visitas e roupas limpas tb só na visita.
    Quando recebem doação de chinelos , vc não ve para onde vai porque ninguem usa.
    Colchões rasgados fedendo urina e fezes, e dorme em cima deles pois não tem outros né.
    A limpeza só trabalha na parte da manhã, o resto do dia fede pois não tem ninguem para limpar.
    Resumindo aquilo tudo é uma fachada, por de tras das portas a realidade é muito diferente.
    Gostaria muito de que vocêis mudassem a realidade daquele lugar triste e com muito medo dos que vivem ali.
    Muito obrigado e espero que seje util a minha opinião é só verificar a verdade esta la dentro por de tras dos jardins e flores.
    “AS VEZES A FAMILIA POEM O PACIENTE ALI PRA SE CUIDAR E ACABA DE COLOCAR MAIS UM INOCENTE NO INFERNO” SEM MAIS…..

  6. Parabens moçada de Sorocaba, parabens Moçada do FLAMAS, sangue novo, sangue bom, acho que alguma coisa nova esta surgindo em Sorocaba.
    Contem sempre com este já cançado e calejado velho de guerra, conheci alguns de voves em Caraoicuiba, deu pra perceber a garra e a vontade, a energia rolando, é disto que nós precisamos precisamos misturar nossas idades e nossas espereiencias.Senti firmesa.
    Valeu moçada.
    Geraldo São Vicente

  7. Confinamento,Internação etc…Parabéns pela reportagem no SBT-Brasil de 21/03/2011.Se recebesse do Governo o valor direto pago a eles seria a forma sensata a ser feita.Meu marido tem esquizofrenia é jovem e tenho o dobro da idade dele, mas somos felizes, muito embora sofremos muitas discriminaçoes. Nossa história de amor é linda e ele é um campeão por ter suportado viver internado.

  8. Parabéns efusivos a todas pessoas do FLAMAS! Precisamos mesmo resgatar e aprofundar a dimensão da transformação da episteme manicomial(“os micro fascismos” do cotidiano) no processo de consolidação da cidadania ativa,participativa e consciente no Brasil. Algumas propostas da IV CNSM podem vir a nos ajudar; como o uso da mass mídia televisiva para campanhas de desestigmatização da experiência da loucura. Acho que o FLAMAS está num caminho muito produtivo à Luta Antimanicomial e ao fortalecimento da cidadania de tod@s! Parabéns; vou levar esse exemplo ao meu trabalho em Residência Terapêutica pernambucana. Parabéns a tod@s vocês!

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